Luis de Montalvor, em nome dos de Orpheu, proferiu um curto discurso. Vários amigos e companheiros literários mais próximos de Pessoa marcaram presença, num grupo de cerca de 60 pessoas. Entre eles, o já citado Luís de Montalvor, Alfredo Guisado, Almada Negreiros, António Ferro, Raul Leal, João Gaspar Simões, Luis Pedro Moitinho de Almeida, Carlos Queiroz e o cunhado de Pessoa, Francisco Caetano Dias.
A irmã de Fernando Pessoa não esteve presente, devido à fractura de uma perna. Mas é falso o repetido erro de que “não estiveram mulheres neste funeral”: a mulher na foto está sobejamente identificada por especialistas pessoanos como Dª Emília, que foi governanta de Pessoa na casa do nº17, 1º andar, da Rua Bernardim Ribeiro, onde o escritor viveu de cerca de um ano, entre 1917 e 1918. A sua filha Claudina, fruto de uma relação com Manuel António Sengo (senhorio e fugaz parceiro de negócios com Pessoa), também deverá ter estado na cerimónia.
Em dois planos de vida, escritos em inglês em 1919 pelo punho de Pessoa, pode ler-se, entre outras, a sua intenção de se estabelecer em Londres, e de alugar uma casa fora de Lisboa onde depositasse todos os seus pertences, «deixando a Emília a cuidar dela e com a sua vida organizada, sem medos nem preocupações».
Outro mito que muitos replicam, condoídos, é a história do “pobre homem que foi a enterrar sem uma multidão presente”. Ora, a esmagadora maioria das pessoas que conheciam e admiravam Pessoa apenas soube da morte do escritor após o seu funeral. O 30 de Novembro calhou a um Sábado e o feriado de 1 de Dezembro cortou muitas edições de jornais. A natureza reclusa do escritor fazia com que a sua ausência de alguns dias não fosse estranhada. E muita gente, amigos incluídos, só soube do óbito quando este fez notícia nos jornais, a partir de dia 3 de Dezembro.
(fonte O MEU PESSOA)
(visite nossa biblioteca digital em https://bibliotecadigitalaesc.webnode.pt/)

Sem comentários:
Enviar um comentário