Ser escritor é cool! - trabalhos participantes do 3.º ciclo

 

Tema do 2.º desafio: Nos seus poemas, Camões aborda temas como a fugacidade do tempo, o amor e a busca do sentido da vida. Cria um poema ou uma narrativa em que elabores e aprofundes a tua própria visão sobre um desses temas, inspirando-te na obra do poeta.

No Labirinto da Mente


No espelho, vejo um reflexo,
Um eu que não sei bem quem é.
Sonhos e medos, um complexo,
Entre risos e lágrimas, continuo em pé.

As redes sociais brilham na tela,
Mas a solidão grita mais alto.
Amigos de longe, a vida é bela,
Mas perto, sinto o coração em asfalto.

Caminho por corredores de dúvidas,
À procura de um lugar onde me encaixar.
As vozes na minha cabeça são turvas,
Mas insisto em lutar.

A vida é um mar revolto,
Navego em busca de um pouco de paz.
Entre as ondas, às vezes volto,
E descubro que sou mais do que capaz.

 

Ana Cavaco

8ºF

A Perdição do Tempo

(na minha experiência)

 

Todos nós sabemos que nascemos, morremos e ultrapassamos obstáculos que nos parecem, ou até mesmo são, difíceis e que têm a ilusão de serem inalcançáveis.

O tempo e a ansiedade têm uma relação mútua. Para mim, a ansiedade procura o tempo para ser mais perturbadora e persistente. Nós não nos podemos deixar levar por ela, mesmo que ela o tencione fazer. Luís de Camões procura explicar além do amor, isso mesmo, ou seja, a perdição do tempo, neste caso, com os seus poemas.

 No meu ponto de vista, a ansiedade é uma emoção que pode ser muito boa, como na preparação para alguma coisa futura, mas também pode ser muito má, como na preparação excessiva de coisas para o futuro e no desespero sobre tudo o que vemos à nossa frente.

Por fim, procuro explicar com este texto, o sentido da vida, no entanto, não o encontro, e provavelmente quem o está a ler também não, porque se pensarmos bem, não há um motivo aparente para estarmos aqui hoje, ou vamos pelo lado da ciência, ou pelo lado de Deus, ou pelos dois, que é o meu caso, não sei porque é que nós fomos criados, mas tenho a mínima desconfiança de quem o fez.

Gustavo Mateus, 8ºF


Um Encontro com Camões

No rio do tempo, eu vagueava,

Quando ao longe, o poeta avistava.

Luís de Camões, de olhar penetrante,

Chamou-me a falar, num tom marcante.

 

"Jovem perdido, que buscas aqui?

É o amor, o tempo ou algo por vir?"

Respondi com coragem: "O sentido da vida,

Por entre as sombras, procuro a saída."

 

"Ah, pobre alma, o tempo é traiçoeiro,

Foge-te dos dedos como o rio ligeiro.

E o amor, eterno, em sua fugacidade,

Revela-se todo na sua saudade."

 

"Mas, mestre, não há destino a encontrar?

Afinal, para quê tanto caminhar?"

Camões sorriu, com sabedoria,

"Eis que viver já é tua alquimia."

 

Assim partiu, no vento se perdeu,

Deixando-me com tudo o que me deu.

Nos versos da vida, um eco profundo,

O tempo e o amor são espelhos do mundo.

 

Ivan Roque  n.⁰11

8.⁰C  


Sombras do Instante

 

Ó tempo, que foges sem nunca olhar,

Levas contigo o que mal vivi,

Deixas-me preso a tentar lembrar

Os dias que um dia perdi.

 

Em ti tudo nasce e tudo perece,

És mão que dá, és mão que apaga,

Por mais que o coração se apresse,

A tua marcha nunca se indaga.

 

Ontem fui sonho, força e paixão,

Hoje sou sombra do que já fui,

Amanhã, pó, na vastidão,

Eco perdido que ninguém intui.

 

Teu sopro apaga o brilho da lua,

Dissolve memórias no ar fugaz.

Por que não paras, ó mão nua,

E dás-me um instante que seja de paz?

 

As árvores que viram nascer o amor

Caem agora sob o teu frio açoite,

E os rios que outrora cantavam vigor

Silenciam seus cantos ao findar da noite.

 

Mas não te maldigo, tempo tirano,

Pois em tua pressa há lição divina:

Mostras que o agora é o mais soberano,

E na sua fraqueza, a força se afina.

 

Cada momento que me roubas cruel

É também luz que me ensina a viver,

Pois no breve instante em que tudo é fiel,

Reside o milagre de apenas ser.

 

Corre, então, ó tempo eterno,

Que a ti não mais vou resistir.

És rio, és chama, és fogo interno,

E eu, passageiro do teu fluir.

 

De ti faço verso, em ti deixo vida,

Ainda que tudo tenha fim.

Que a tua marcha, lenta ou perdida,

Guarde este canto dentro de ti.

 

João Salvador e Lara Mendes, 8ºF


O Rasto do Tempo

 

Ó tempo ingrato, tirano sem memória,

Que devoras os dias num sopro cruel,

Em vão procuro gravar minha história

Nas areias que fogem ao toque do céu.

 

Teus passos furtivos não deixam sinais,

Apenas sombras que a brisa desfaz,

E entre os meus sonhos e gestos tão reais,

Tudo é perdido, nada se refaz.

 

Por que motivo, ó tempo, és tão ligeiro,

Correndo adiante, sem pausa ou razão?

Não ouves o pranto do pobre ou guerreiro,

Que implora por mais um instante na mão?

 

As flores que ontem dançavam ao vento

Hoje repousam na sombra do chão.

Assim se esvai o mais doce alento,

Trocado por cinzas da recordação.

 

Ah, mas se és tirano, também és mestre,

Mostrando que nada nos pode deter.

Na tua cadência que nunca se investe,

Reside a verdade que devemos saber.

 

Se o tempo escapa, que importa afinal,

Enquanto o coração à vida persistir?

Pois cada momento é porto imortal,

Guardando no peito o eterno porvir.

 

Ó tempo, não temo o teu avanço voraz,

Ainda que apagues meu nome e meu rosto.

Enquanto em meus versos soar minha voz,

Serás meu aliado, e não meu desgosto.

 

Que venha, portanto, o fim anunciado,

Pois nele repousa o início esperado.

O tempo, ao fim, é ciclo profundo,

Onde a vida renasce no sonho do mundo.

 

João Salvador e Lara Mendes, 8ºF


O júri já votou, o público já se manifestou e os vencedor vai ser anunciado daqui a pouco.

Parabéns a todos os participantes!


 (visite nossa biblioteca digital em https://bibliotecadigitalaesc.webnode.pt/)


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