A 25 de fevereiro de 1855, nasce, em Lisboa, o poeta português José Joaquim Cesário Verde.
Filho de um lavrador e comerciante, Cesário Verde matricula-se no Curso Superior de Letras, mas apenas o frequenta alguns meses, acabando por ficar a tomar conta dos negócios comerciais herdados de seu pai. Paralelamente à sua atividade comercial, publica poesias em diversos periódicos, destacando-se os semanários Branco e Negro e O Azeitonense e as revistas O Occidente e Renascença.
Em 1877, começa a ter sintomas de tuberculose, doença que já havia tirado a vida ao seu irmão e à sua irmã, cujas mortes inspiram um dos seus principais poemas, "Nós", publicado em 1884.
A tuberculose, uma doença que, na altura, tinha poucas hipóteses de cura, foi a causa da sua morte, com apenas 31 anos, a 19 de Julho de 1886.
No ano seguinte, Silva Pinto, seu amigo dos tempos da universidade e um dos principais impulsionadores do movimento literário realismo-naturalismo, organiza O Livro de Cesário Verde, com a compilação das suas poesias, o qual viria a ser publicado em 1901.
Fiquemos com a sua poesia
DE TARDE
Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas.
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