Diga Bom Dia com Poesia! - poemas deste dia

 1.º ciclo

"Duas linhas paralelas"

 

Duas linhas paralelas
Muito paralelamente
Estou passando entre estrelas
Fazendo o que estava escrito:

 

Caminhando eternamente de infinito em infinito.
Seguiam-se passo a passo
Exatas e sempre a par
Pois só num ponto do espaço
Que ninguém sabe onde é
Se pudéssemos encontrar,
Falar e tomar café.
Mas farta de andar sozinha
Uma delas, certo dia,
Voltou-se para a outra linha,
Sorriu-lhe e disse-lhe assim:
'Deixa lá a geometria
E anda aqui para o pé de mim…!
Diz a outra: 'Nem pensar!
Mas que falta de respeito!
Se quisermos lá chegar,
Temos de ir devagarinho
Andando sempre um direito
Cada qual no seu caminho! '
Não se dando por achada
Fica na sua a primeira,
E sorrindo amalandrada,
Deita a mãozinha matreira
Puxa para si o infinito.
E com ele ali à frente,
Como duas a murmurar,
Olharam-se docemente
E sem fazerem perguntas
Puseram-se a namorar.
Seguiram como duas juntas.
Assim separada linhas
Fica uma história banal
Com linhas e entrelinhas.
E uma convergente moral:
O infinito afinal
Fica aqui ao pé da gente.

                                                        José Fanha

 2.º ciclo

O Limpa-palavras, de Álvaro Magalhães

https://pt.calameo.com/read/0045708251e5eecf0aba5 - leitura

https://www.youtube.com/watch?v=YNno0u0N4MA - vídeo


 3.º ciclo/secundário


https://www.youtube.com/watch?v=ZNWEmKLLFWA - declamado por Pedro Lamares

Alberto Caeiro, Quando vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferência para quando já não tiver escolha.
O que for, quando for, é que será o que é.

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