Diga Bom Dia com Poesia - quinta-feira


 Cá estão as nossas poesias de quinta-feira1

pré-escolar/1.º ciclo

AH, O AMOR!

Se chegaste ao lugar desconhecido,
e seja isso onde for,
estás perdido e não estás perdido:
encontrou-te o Amor.
 
Ah, o Amor. Que confusão!
É como uma casa arrumada
por um desarrumador,
ou um piano afinado
por um desafinador.
 
O Amor é assim É assim o amor.
É assim o Amor. O Amor é assim.
 
Não sabe as horas que são.
Por isso é acertado.
É seguro, é perigoso.
E não tem mistério nenhum.
Por isso é misterioso.
 
O Amor é uma aventura
que até pode dar pr’ó torto,
mas se não te acontecer
estás tão vivo como morto.
 
O Amor é assim. É assim o Amor.(…)

 

 Álvaro Magalhães

2.º ciclo

Lágrima de preta

 


Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.


                            António Gedeão

3.º ciclo

Poetas

Ai as almas dos poetas
Não as entende ninguém;
São almas de violetas
Que são poetas também.
 
Andam perdidas na vida,
Como as estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!
 
Só quem embala no peito
Dores amargas e secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas.
 
E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma pra sentir
A dos poetas também!

                                                           Florbela Espanca


secundário

Soneto da Fidelidade

 

De tudo ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encante mais meu pensamento.

 

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento.

 

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

 

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

 

Vinícius de Moraes

 

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Parabéns, Carolina!

    A aluna Carolina Barra foi a vencedora do 3.º Escalão, do prémio do Concurso de Poesia do Agrupamento de Escolas de Samora Correia.    ...

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